FEITOEDITO-mines: Tudo verdade:
Nestes relatos não há culpados, todos os fatos são unicamente resultados da minha trajetória na família em que nasci; da cultura cristã e pequeno burguesa em que me criei e dos preconceitos predominantes na sociedade a que pertenço a partir dos anos 50.
Parto portanto do princípio que todos nós, eu, meus pais, irmãos e demais membros da família agimos acreditando na certeza absoluta de de nossas verdades e no melhor a fazer.
Assim, o agora dito e o feito vivido expressa exclusivamente os meus sentimentos guardados sem julgamentos do certo e do errado, mas que correspondem fielmente nas interpretações que eu fiz da realidade, ainda que fantasiosas ou equivocadas. Esta foi a minha percepção de fatos vivenciados e que agora deles preciso me libertar.
Esta é a forma que escolho para avaliar o que ficou guardado e que muito mal me causou. Reafirmo que meus relatos estão direcionados à um processo de cura e não de acusações. Uma forma de me perdoar sem culpa.
Por 60 anos sufoquei emoções, sentimentos e palavras relacionadas a falta de afeto, rejeição, injurias e difamações que resultaram na doença mutilante da qual preciso me curar - a face que agradava a mim e a outros foi destruída como se assim fosse eu punida pela minha beleza, minha alegria, meus desejos incompreendidos e mal interpretados.
Só recentemente estou me permitindo entender porque o câncer na boca e poque não reagia antes pelo medo de que meu sofrimento pudesse aumentar. Ao contrário, passei todo esse tempo tentando demonstrar o quanto se enganavam a meu espeito e o quanto desconheciam a pessoa que eu era.
Ainda que não possa falar essas verdades minhas, uso a palavra de forma solitária como ajuda para me conhecer.
Falar das minhas emoções e sentimentos podem trazer o entendimento necessário dos meus porquês - em especial porque me puni exatamente na porta da palavra ao mundo, minha boca.
